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quinta-feira, 31 de julho de 2008

BEM X MAL



Diferentemente das culturas judaico-cristãs, para os Yorùbá não existe uma figura oposta ao ser supremo, Olódúmarè, e tudo o que acontece no universo, seja de positivo ou negativo, é derivado dele e seu àse(axé).
O bem e o mal não são resultado de uma batalha de duas forças cósmicas figuradas, externas e opostas, mas sim da ação do homem sobre a energia irrefreável, criadora e potencializadora por natureza, porém neutra. É apenas força, nem boa e nem má, o seu uso sim, pode ser para fins construtivos ou destrutivos, e isso depende unicamente do direcionamento que nós, seres humanos, damos a ela.
Olódúmarè deu aos homens àse(axé- poder divino criador), e os dons da mente, da palavra e da inteligência. Ao mesmo tempo cabe a casa um de nós, as escolhas do que fazer com nossos próprios poderes.
Uma das leis universais é que, a toda ação corresponde uma reação, seja ela igual ou contrária. Ou seja, quando emanamos axé, levando-se em consideração que axé é a própria força que nos mantém vivos e está em tudo e todos, é emanado de nós a todo e qualquer momento; então, a cada atitude ou falta desta quando necessário, o universo nos responderá, ou nos devolverá esse axé de alguma maneira.
Dada a complexidade de cada ser humano, que é um conjunto de ideais, paixões, valores, vontades, interesses, crenças, as definições de bem/mal variam de sociedade para sociedade, grupo para grupo, pessoa para pessoa.
Em uma sociedade capitalista, em que a maioria das relações são competitivas e condicionais, esses dois conceitos de confundem ainda mais, pois o bem-estar de um(ns) pode ser definitivamente relacionado com o mal-estar de outro(s).
Tanto o bem quanto o mal acabam variando de acordo com as situações particulares e a necessidade individual de cada um de nós.
Fazer com que uma força, um axé seja uma força boa ou má depende de todo o seu contexto de uso e finalidade, e de todo o processo que será desencadeado a partir dela.
Bem e mal nem sempre serão forças opostas, muitas vezes um único elemento pode trazer consigo ambos conceitos, dependendo do ponto de vista do qual é analisado.
Não espera-se a perfeição dos humanos, ao contrário, nenhum ser humano é totalmente bom ou mau! O ideal de perfeição apenas aplica-se a Olódúmarè, o ser supremo, e nem mesmo os Orixás deixam de ter qualidades e defeitos, aspectos positivos e negativos de personalidade e caráter.
Nem assim deixamos de ter responsabilidade por cada um de nossos atos, pensamentos e atitudes, e usar a forças de forma positiva ou negativa sempre será uma escolha de cada um de nós, segundo nossos próprios valores, vontades e crenças.

Púpò àsé!