Principal divindade cultuada dentre os Òrìsà na escala religiosa. Sua cor branca representa sua própria essência ética e seu princípio criador. Ele é revestido de um poder absoluto em razão do Odù com que foi investido. A teologia yorubá o denomina “o gerado por Olódùmarè” no sentido de que todos os seus atributos derivam diretamente do Ser Supremo.
Òrìsà Funfun, divindades do branco, é a denominação dada à linhagem de divindades identificadas com a cor branca.
Òsàlá é a forma reduzida a expressão Òrìsà nlá, ou Òrìsàálá - o Grande Òrìsà - título dado a Obàtálá, para diferenciá-lo das demais divindades na escala hierárquica.

Òsàlá representa o princípio criador e formalizador das idéias, daí ser denominado Elédá, o criador, em razão de Olódùmarè o ter indicado para a criação da Terra, com todos os seus atributos, e também para a criação do homem físico. As águas, Omi, e o barro primordial, Amò(n), são os elementos utilizados por Òsàlá para moldar o ser humano para, depois, Olódùmarè insuflar nele o princípio vital, o Emí, representado pela respiração, que irá lhe dar a vida. Essa tarefa de esculpir a figura física o faz ser chamado de Alámò(n) Rere, o perfeito escultor, embora muitas figuras humanas sejam esculpidas com deficiências físicas.

Esse trabalho de criação o fez ser investido da condição de Alábáláse, aquele que tem o poder de criar com autonomia, aquele que sugere, Abá, e realiza com autonomia, Àse. É a dotação de um atributo de autoridade suprema para falar, agir e ser obedecido. Criar como bem lhe aprouver justifica a criação dos seres humanos perfeitos ou defeituosos: Abuké (corcunda), Àfin (albino), Kólòlò (gago), Aro (coxo), Iràrá (anão), Odi (mudo), Yaro (aleijado), Olójukan (caolho), Apákan (um braço só), Itíkan (uma orelha só), Ègbà (paralisia), Adití (surdo-mudo)...
Òsàlá dá forma às crianças e coloca-as no útero de suas mães. É assim o responsável pelas caracterizações normais e anormais dos seres humanos. As deformidades apresentadas ou que aparecem mais tarde, todas são encaradas como marcas especiais do poder de Òsàlá. A seguinte oração é típica das muitas que são recitadas:
“Aláàbáláàse
Ata ta bí àkún
Òrìsà so mí di eni
So mi di eni èye
Obàtálá ma fiké pòn mi
Omo ni o fi fún mi”
“Aquele que sugere e determina
Aquele que é muito poderoso
Torne-me uma pessoa competente e honrada
Não ponha uma corcunda nas minhas costas
É uma criança(filho) que deve me dar.”
Para uma mulher grávida é dito:
“Ki Òrìsà ya’nà ire ko ni o.”
Que o Òrìsà crie uma boa obra de arte.
Dar filhos às mulheres estéreis e modelar a forma da criança no ventre materno originou o seguinte cântico:
“Eni s’ojú, se’mú

Adá’ni baú ti ri
Òrìsà ni ma sìn
Eni rán mi wá
Òrìsà ni ma sìn”
“Aquele que faz os olhos, faz o nariz
É o Òrìsà a quem vou cultuar
Aquele que cria como quer
É o Òrìsà a quem vou cultuar
Aquele que me enviou aqui
É o Òrìsà a quem vou cultuar”
Tudo o que é seu é branco: roupas, contas, comidas, animais, insígnias; o que representa a pureza moral e ética da qual é revestido.
ORÍKÌ
Ibi rere l’órísá ka'le
Òrìsànlá atererekáiye
Òrìsà nlá Adìmúlà
Olójú kará bi ajere
Èwù rè funfun ni
Adàgbà je ìgbìn
Eni olà etì!
"Grande pai, marido de Yiemowo
O lugar feliz é onde ele está assentado
Grande Òrìsà que reina sobre todas as coisas
O grande Òrìsà Salvador
Ele tem olhos que vêem tudo
O manto dele é branco
O velho que come caramujo
Um ser nobre e imutável."
(Fonte: Livro "As Águas de Oxalá: Àwon Omi Òsàlá" de José Beniste)
Nenhum comentário:
Postar um comentário